O estado do Pará, que abriga uma parte significativa da Amazônia, firmou um acordo para vender 12 milhões de créditos de carbono a uma coalizão de 30 corporações multinacionais, incluindo gigantes como Amazon, Bayer e a Fundação Walmart.
Avaliado em 1 bilhão de reais (US$ 183 milhões), o contrato promete transformar-se em um programa multianual de compensação de carbono.
O governador Hélder Barbalho anunciou o acordo com grande expectativa durante a New York Climate Week.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam sobre os riscos associados ao projeto. O estado ainda precisa obter a certificação da Arquitetura para Transações de REDD+ (Art Trees), um processo que pode levar até 18 meses.
Além disso, preocupações sobre a falta de consulta às comunidades locais, incluindo povos indígenas e quilombolas, levantaram questões sobre a validade e a ética do acordo.
Um grupo de 38 entidades representativas denunciou que não foram consultadas adequadamente sobre o projeto em suas terras.
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Histórico de Golpes e Regulação Necessária para créditos de carbono
O Pará possui um histórico preocupante de golpes em projetos de créditos de carbono, onde criminosos registravam florestas em terras que não eram suas para obter certificações fraudulentas.
Esse cenário ressalta a necessidade de uma melhor regulamentação e supervisão dos mercados de carbono para evitar que iniciativas legítimas sejam minadas por práticas fraudulentas.
Enquanto algumas lideranças indígenas apoiam o acordo, muitos expressaram descontentamento pela falta de consulta e transparência.
A divisão proposta dos lucros entre as comunidades locais também é motivo de controvérsia, com um percentual destinado aos povos indígenas que pode não refletir suas necessidades.
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Sinergia com o Projeto Mejuruá
Diante desses desafios, o Projeto Mejuruá, da BR ARBO, busca restaurar ecossistemas na Amazônia.
O projeto exemplifica como iniciativas de reflorestamento podem ser conduzidas em colaboração com as comunidades locais, garantindo sua inclusão e participação.
Projetos como o Mejuruá destacam a importância de envolver as populações tradicionais na proteção de seus territórios e na luta contra o desmatamento, essencial para o futuro da Amazônia e do mundo.
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Por Ana Carolina Ávila